Docência na Educação Superior: implicações para aprendizagens significativas e para a efetividade formativa de novas gerações

  • Bernardete Angelina Gatti

Resumo

Embora boa parte dos docentes do ensino superior tenha sua identidade profissional construída em torno de sua área de conhecimento, na educação superior eles são necessariamente professores. A ambiguidade de suas identidades (biólogo e/ou professor; físico e/ou professor; sociólogo e/ou professor...) aparece nos estudos realizados com os docentes desse nível educacional. (ZABALZA, 2004; FERREIRA, 2010) Alguns têm maior clareza de seus papéis e funções e se identificam, por exemplo, como biólogo-professor, professor-médico, professor-engenheiro, ou, também, “sou assistente social e professora”, “sou médico e professor”, evidenciando uma integração identitária que é mediada por uma construção consciente de sua inserção social. Esse posicionamento mostra também o grau de consciência social quanto a suas responsabilidades como cidadão e trabalhador. Um professor está envolvido com a criação de ambiências de aprendizagem na educação superior, o que envolve capacidade de se comunicar de modo inteligível e motivador com as novas gerações que adentram esse nível de ensino. Porém, os docentes do ensino superior, em sua maioria, não estão preparados para esse papel educacional. Em muitos casos, para profissionais de várias áreas, dar aulas em algum curso do ensino superior é um “bico”, ou, ajuda a “valorizar o currículo pessoal”. Muitos pensam que basta ir à sala de aula e apresentar o conteúdo e, pronto. Aliada a essa questão de identidade profissional, que tem a ver com valores assumidos e compromisso social, então, está o fato dos docentes da educação superior não terem, em geral, formação mais específica para a docência, o que, em muitos casos tem sérias consequências para o aprendizado e a formação dos estudantes, que hoje, são em maioria jovens adolescentes ou adultos jovens, em formação, em desenvolvimento. (CUNHA et al, 2013; VEIGA, 2014; GATTI, 2019).

Esta situação levanta algumas questões para reflexão. A educação superior, embora estruturada de maneiras diversas volta-se à formação das novas gerações, e cada ato educacional aí adquire importância ímpar no que respeita à sua contribuição para a criação de possibilidades de aprendizagens que propiciem conhecimentos (não apenas meras informações) de modo a criar possibilidades cognitivas e de ação no contexto de valores e atitudes o quê, em última instância, tem a ver com a preservação da vida humana, do ambiente, natural e social, da cultura, do cuidado de si e do outro, no contexto de uma ideia de cidadania.

Biografia do Autor

Bernardete Angelina Gatti

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade de São Paulo e Doutorado em Psicologia - Universite de Paris VII - Universite Denis Diderot, com Pós-Doutorados na Université de Montréal e na Pennsylvania State University. Docente aposentada da USP, foi professora do Programa de Pós-Graduação em Educação: Psicologia da Educação da PUC-SP. Simultaneamente foi Pesquisadora Senior na Fundação Carlos Chagas, aí exercendo os cargos de Coordenadora do Departamento de Pesquisas Educacionais e de Superintendente de Educação e Pesquisa. Foi membro e presidiu o Comitê Científico - Educação do CNPq e foi coordenadora da área de Educação da CAPES. Atuou como Consultora da UNESCO e de outros organismos nacionais e internacionais. Em 2014 assumiu como Diretora Vice Presidente da Fundação Carlos Chagas, orientando e respondendo pelas ações do setor de Pesquisa e Educação. Participa de comitês científicos de várias revistas nacionais e internacionais. Membro titular da Academia Paulista de Educação (Cadeira nº 27). Suas Áreas de Pesquisa são: Formação de Professores, Avaliação Educacional e Metodologias da Investigação Científica. Em 2016 foi eleita Presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. 

Publicado
2019-09-19
Seção
Artigos